quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Transcrevendo as emoções dos que tem Batutas em Seus corações!

Estou transcrevendo ou "transpostando" comentários sobre o Batutas de São José...
Fiz questão de copiar todo o conteúdo, incluindo os comentários, pois a partir dos comentários dos bloguistas e blogueiros podemos avaliar um pouco do amor ao Batutas.



João Santiago (Recife, Mar/1928 - Nov/1985)
Dos blocos carnavalescos mistos em atividade no Carnaval do Recife, o Batutas de São José é o mais antigo, surgido que fora de uma dissidência do decano Batutas da Boa Vista. Muito embora alguns dos blocos renascidos se considerem mais longevos, somente o Batutas tem uma atividade ininterrupta desde a sua fundação, naquela tarde chuvosa de 5 de junho de 1932.
Curiosamente o Batutas de São José teve a história do seu dia-a-dia contada em versos musicados, transformados em marchas de bloco e eternizados através das vozes dos seus simpatizantes. Uma estória (muito mais estória do que história), só conhecida e interpretada por aqueles que viveram as diferentes situações do caminhar do simpático bloco de São José.
Esta singular narrativa nos é contada, ao longo de mais de três décadas, pelo compositor e carnavalesco João Santiago dos Reis. Nascido no bairro recifense da Torre, em 1º de março de 1928, filho do músico José Felipe dos Reis (fundador da Orquestra Sinfônica do Recife e da orquestra da PRA 8), inspirou-se ele em fatos corriqueiros do dia-a-dia para escrever o cancioneiro do seu bloco querido.
A partir de 1952, João Santiago, em parceria com José Felipe, transformou situações curiosas em alegres marchas de bloco. Assim surgiram: A vitória é nossa (c/ José Felipe); O adeus de Lia (c/ José Felipe); Vou com Valdemar (1958);  Convença-se (1960); Depois eu digo (c/ José Felipe); A parada é dura (c/ José Felipe); Surpresa (c/ José Felipe); Relembrando o passado (1959); Reminiscência (1961); Escuta Levino (1962); Edite no cordão (1965); Trinta anos de glória (1968), Zezé (1973); todas, em sua maioria, inspiradas no dia-a-dia da simpática agremiação do bairro de São José.
Em A vitória é nossa, outro grande sucesso em parceira com José Felipe dos Reis, dá continuidade a sua singular crônica ao descrever todo um clima que antecede o carnaval vivenciado dentro de uma agremiação carnavalesca: Chegou o Carnaval morena / Por isso Batutas anuncia / Não perderemos a porfia / Veja o que estou a afirmar / Batutas este ano vai desacatar [...] / Agora o Carnaval chegou / Bandeira gritou / “Não podemos perder” / Pode crer / No que vou lhe dizer / O Batutas este ano / A vitória vai ter.
De um desentendimento entre arrendatários do bar do Batutas surgiu, em 1958, Vou com Valdemar, segundo lugar no Concurso de Músicas Carnavalescas da Prefeitura do Recife: Você! / Não se iluda com o boato / Porque! / O boato não é legal / Abandone esta confusão / Porque o Batutas / É do meu coração.  Dois anos depois, ainda inspirado no mesmo tema, foi a vez de Convença-se, terceiro lugar no mesmo concurso da Prefeitura do Recife.
Não esqueceu o nosso saudoso Joca (como era chamado pelos seus familiares) dos blocos desaparecidos do nosso Carnaval, como “Camponeses”, “Camelo”, “Pavão de Ouro”, “Bobos em Folia” e “Flor da Lira”, todos eles citados em Relembrando o Passado, marcha ainda hoje cantada em nossas ruas: … Os “Camponeses”, “Camelo” e “Pavão / “Bobos em Folia”, do Sebastião. / Também “Flor da Lira”, com seus violões / Impressionava com suas canções.
Personagens anônimos da agremiação passaram para história, graças ao lugar de destaque conquistado no repertório do Batutas de São José: o fundador Augusto Bandeira (A vitória é nossa); Edite, figura obrigatória na ala feminina do bloco (Edite no Cordão); Osmundo, um barbeiro do bairro de Iputinga que, apesar do peso da idade, sempre foi o “reco-reco de ouro” (Reminiscência); o mestre Levino Ferreira, o mais importante compositor de frevos-de-rua do carnaval pernambucano (Escuta Levino), só para citar alguns; parte dessas músicas integram o disco Rozenblit, João Santiago e os 50 anos do Bloco Batutas de São José (LP 90021) 1982.
Mas o grande sucesso da História do Batutas de São José, segundo a narrativa musical de João Santiago, ficou por conta de Sabe lá qué’ isso (sic). Escrita para o carnaval de 1952, a marcha só veio a ser gravada em 1973, pelo Quinteto Violado e Zélia Barbosa, na etiqueta Marcus Pereira, Música Popular do Nordeste v. 1 (LP 4035001), sob o título Hino do Batutas de São José; seguindo-se de um segundo lançamento, dois anos mais tarde, pelo sambista Martinho da Vila, com arranjo orquestral a cargo do pernambucano Severino Araújo que fez desse frevo um sucesso nacional, com sucessivas regravações:
Eu quero entrar na folia, meu bem
Você sabe lá o qué’ isso
Batutas de São José, isso é parece que tem feitiço
Batutas tem atrações que,
ninguém pode resistir
Um  frevo desses bem faz,
demais a gente se distinguir…
João Santiago dos Reis, um dos nomes mais esquecidos do nosso Carnaval, faleceu na emergência do Hospital Getúlio Vargas, bairro do Cordeiro, na noite de 11 de novembro de 1985; em sua homenagem o compositor Getúlio Cavalcanti escreveu Chora Batutas:
João Santiago deixou o Batutas
Chora saudades seu pessoal
Banhistas hoje apesar das lutas
Sente a tristeza do seu rival
E abre seus braços pela partida
De quem deu vida
Ao nosso Carnaval…
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8 Respostas em: “JOÃO SANTIAGO, O POETA DO BATUTAS”

  • Monsenhor Fred Monteiro Diz:
    Excelente texto, com uma verdadeira aula de História do Carnaval do Recife. Realmente, Leonardo, tenta-se passar a ideia de que outros blocos que precocemente saíram de cena são mais antigos que o Batutas, apenas porque foram refundados (se fossem humanos, seriam reencarnados? )
    agora em pleno século XXI, o que é uma falácia. Viva Batutas !
  • Monsenhor Fred Monteiro Diz:
    Recentemente, gravamos num disco do CEMCAPE de frevos de bloco a introdução original do Hino dos Batutas de São José, no arranjo do próprio João Santiago. É uma introdução completamente diferente desta versão gravada por Martinho da Vila e que se tornou, depois da Banda de Pau e Corda, padrão em todas as regravações e execuções do Hino dos Batutas. Uma pena, pois sente-se, na introdução de Santiago, a marca do compositor !
  • Cardeal Jorge Macedo - Recife PE Diz:
    Bispo Leonardo: Parabéns pela homenagem a João Santiago e ao tradicional Bloco Batutas de São José. O nosso Mestre Pesquisador e Colunista Leonardo se encontra na Bélgica, representando o Instituto Ricardo Brennand. Talvez o Monsenhor Fred Monteiro tenha conhecimento e responda esta minha pergunta. Quando jovem acompanhava o regresso de Batutas de São José na quarta-feira de cinzas em sua sede na Rua da Concórdia. A última canção do bloco emocionava a todos. Lembro apenas uma pequena parte da música. Era mais ou menos assim: “Adeus adeus folião, é hora de regressar….” Talvez Julio Vila Nova do Cordas e Retalhos, se ler este comentário, possa lançar alguma luz sobre o assunto.
    Recordar é viver! Abraços a todos!
  • Julio Vila Nova Diz:
    Prezado Jorge Macedo, você deve estar se referindo à canção intitulada “Regresso”, de Augusto Bandeira, que é realmente uma beleza. Imagino a emoção da despedida do bloco cantando os versos: “Adeus, adeus querido carnaval/ vamos partir levando mil recordações/ porque o nosso bloco sem rival / tem simpatia, prende todos corações/ Adeus, adeus, foliões / são horas de regressar / com saudade das nossas canções / os foliões, com pena, vão chorar / Adeus, que vamos partir / Batutas de São José / Nossa falta o povo vai sentir / porque regressa o bloco da fé // Batutas campeão dos campeões / Soube vencer, soube brilhar no carnaval / porque entre mil aclamações / Vai regressando nosso bloco sem rival / Adeus, adeus, foliões / são horas de regressar / com saudade das nossas canções / os foliões, com pena, vão chorar / Adeus, que vamos partir / Batutas de São José / Nossa falta o povo vai sentir / porque regressa o bloco da fé”.
    Foi gravada no LP Frevo de Bloco, pela Marcus Pereira, lançado em 1980. Direção Musical de Zoca MAdureira. Coral Feminino e Conjunto Romançal, do qual participavam o fubÂnico Walmir Chagas (pandeiro), mais Antúlio MAdureira, Antero Madureira, Antônio CArlos Nóbrega, CArlos SAmpaio, Manoel Agostinho, Reginaldo BArros e Antônio Melo.
    Também está no LP João Santiago e os 50 Anos do Batutas de São José, reeditado em 2008, em formato CD, com outra capa, e incluindo a canção “Bom é Batuta” (Carlos Fernando), interpretada por Caetano Veloso, gravação original feita em 1979, no vol. 1 da série Asas da América.
  • Cardeal Jorge Macedo - Recife PE Diz:
    Meu caro Julio Vila Nova: Meus sinceros agradecimentos por ter me ajudado neste retorno ao passado, pelo menos na recordação. E ainda mais com as suas informações sobre as edições da bela música que emocionava o bairro de São José nas madrugadas da quarta-feira de cinzas. Os participantes do LP de Marcus pereira,citados por você, consta como um acervo histórico. Walmir Chagas ( Véio Mangaba ), Antúlio Madureira, Antônio Nóbrega e tantos outros que hoje participam ativamente de nossa cultura popular musical. Julio, já tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente no Recife antigo, anos atrás, apresentado pelo nosso querido amigo e poeta Romero Amorim , o “Poeta do pátio de São Pedro”! Paz, saúde e um forte abraço!
  • Leonardo Dantas Silva Diz:
    Vila Nova: Copiei sua intervenção e salvei na minha pasta de carnaval, a fim de citá-la em outra ocasião. Muito obrigado por sua gentileza.
  • Julio Vila Nova Diz:
    Prezado Jorge, aguardo uma oportunidade para cumprimentá-lo outra vez.
    Leonardo, antecipei-me na resposta ao amigo Jorge Macedo porque me empolguei com a questão e fui botar o disco aqui pra ouvir de novo o Regresso, que é de fazer chorar. Observei uma coisa a respeito da letra e aproveito para tirar a dúvida: na gravação do LP “João Santiago e os 50 Anos do Batutas…” há uma mudança na letra, na primeira estrofe: “Adeus, adeus querido carnaval / vamos partir levando mil recordações/ porque o nosso bloco sem rival / COM simpatia, prende todos corações…”
    Minha impressão é de que a gravação da Marcus Pereira tem a letra certa, mas deixo com você a solução. Abraço.
  • antoniafuxica Diz:
    Tome a liberdade de copiar toda a página, inclusive com os comentários de todos, pois através destes percebemos o quanto o nosso Batutas é querido.
    antoniafuxica na verdade é um blog que intenciona guardar memórias de longo, médio e curto espaço de tempo. E o Batutas de São José não poderia de forma nenhuma ficar fora das memórias do Carnaval do Brasil

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O Batutas é do meu coração



Eu vou cair na folia
Vou lhe mostrar
Que não tenho rival BIS
Vou pois lhe afirmar
Na onda morena vou com Valdemar

Você não se iluda com o boato
Porque o boato não é legal BIS
Abandone esta confusão
Porque o Batutas é do meu coração

Nesta cidade maurícia
Sou folião e sou campeão
Neste bom carnaval BIS
Não temo rival
Meu bloco é sem igual

Você não se iluda com boato
Porque boato não é legal BIS
Abandone esta confusão
Porque o Batutas é do meu coração.

Convite

Todos os domingos no Batutas de São José tarde e noite dançante. Baile pra quem gosta de música romântica.

TODOS DE BRANCO - 80 ANOS DE PAZ NO BATUTAS DE SÃO JOSÉ


Bloco de rua do Recife comemora 80 anos neste Carnaval
20 de fevereiro de 2012 22h52 atualizado em 21 de fevereiro de 2012 às 05h08



Bloco Misto Batutas de São José completa 80 anos neste Carnaval. Foto: Gil Vicente /Terra Bloco Misto Batutas de São José completa 80 anos neste Carnaval
Foto: Gil Vicente /Terra


Ricardo Santos
Direto do Recife

Um dos blocos de rua mais tradicionais do Recife, o Bloco Carnavalesco Misto Batutas de São José completa 80 anos neste Carnaval. Célia Maria Vasconcelos, sua advogada e primeira secretária, desfila há 15 anos. "A sede do clube fica olhando pra minha casa. Como é um bloco famoso, um dia fui lá", diz ela. Além de servir para organizar o desfile, a sede, em Afogados, recebe todo domingo um baile para a terceira idade.
Servir como um ponto de encontro dos mais 'experientes' foi uma das razões que levou para lá a atual presidente do Batutas de São José, Nadira de Almeida, 70 anos. Há 35 anos na agremiação, ela conta que o marido era quem frequentava o bloco, mas depois que ele morreu e os 12 filhos saíram de casa, resolveu se envolver mais. "Todo domingo o pessoal se encontra, viramos amigos", diz Nadira.
Neste ano, o Batutas de São José foi convidado hors concours para o desfile em razão do aniversário de oito décadas. "Por causa disso, viemos todos de branco", diz Nadira. Os cerca de 40 integrantes atravessaram a rua da Moeda e foram até o palco do Marco Zero acompanhados da banda de 17 músicos - oito instrumentos de corda e apenas seis sopros, além de percussão, caracterizando o bloco 'de pau e corda' -, mais um estandarte e um séquito de admiradores, que cantavam sem parar o hino do clube.

NOITE DE GALA - 80 anos do Batutas de São José

20/02/2012 20h37 - Atualizado em 20/02/2012 20h37

Bloco Batutas de São José é ovacionado pelo público no Recife

Agremiação comemora 80 anos neste carnaval.
Marco Zero recebe o encontro dos blocos líricos, nesta segunda-feira.

Katherine Coutinho Do G1 PE
 
Bloco Batutas de São José (Foto: Katherine Coutinho / G1 PE)
Bloco Batutas de São José vestido de gala, para comemorar os 80 anos de fundação.
(Foto: Katherine Coutinho / G1 PE)
O público recebeu com entusiasmo o bloco Batutas de São José, que completa 80 anos em 2012. A agremiação, fundada em 1932 no bairro de São José, fez o público reviver os antigos carnavais com os frevos que marcaram a história do Recife, como "Você Sabe Lá o Que é Isso?", que virou hino do bloco.
saiba mais
Apaixonada pelo Batutas, Mabel Castro sabe todas as músicas de cor. "Eu queria ser rica para poder ajudar os Batutas. É muito difícil manter um bloco", afirma Mabel. Mesmo amor tem a presidente, Nadira Almeida. "Viemos de gala em respeito aos 80 anos do Batutas, não é fácil Batutas estar na rua", desabafa.
Ao final da apresentação, o Batutas saiu aplaudido pelo público, que lota o Marco Zero do Recife para acompanhar o encontro de blocos líricos, nesta segunda-feira (20).

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Identidade do Carnaval do Recife: Batutas de São José

Não dá pra se falar em Identidade Cultural do Recife sem o Bairro de São José. E não dá para falar em Carnaval do Bairro de São José se não falarmos de Batutas.

Este ano, 80 anos... Isso é só o começo!

Abaixo a notícia do JC On Line:

Bloco Batutas de São José comemora 80 anos com homenagens no Dona Lindu

O Parque Dona Lindu, na Zona Sul do Recife, recebe neste sábado (11) as comemorações dos 80 anos do Bloco Batutas de São José, junto com a última edição do Projeto Alegres Bandos - Encontro de Blocos. O evento começa a partir das 17h, com entrada franca.

O projeto reverencia 13 blocos líricos que fazem a história do carnaval pernambucano. Participantes de vários grupos marcarão presença na festa. O evento deste sábado contará também com os músicos da Orquestra do Maestro Beto do Bandolim, que marcou presença na primeira edição do projeto, em 2011.

Mas a grande despedida do Projeto Alegres Bandos acontece mesmo na próxima segunda-feira (13), com apresentações na praça do Arsenal, no bairro do Recife. O Bonde Bloco Carnavalesco Lírico receberá homenagens pela sua história, a partir das 19h. Logo depois, muita música e hinos antigos com a participação de integrantes dos blocos participantes, além de show dos cantores Claudionor Germano, Walmir Chagas e da Orquestra do Maestro Beto do Bandolim. A entrada também é gratuita.

Para outras informações, ligue: (81) 3082.2830 ou (81) 3421.8456.

Todo mundo lá!